Lecythidaceae é uma família botânica de angiospermas, ou seja, plantas que possuem flor. Um dos mais famosos gêneros é o Bertholletia, que inclui Bertholletia excelsa (castanha do Pará ou castanha do Brasil). Outro gênero pertencente à esta família é Lecythis, que engloba Lecythis pisonis (sampucaia). Esta família consiste aproximado de 20 gêneros e um número de 250-300 espécies. Variam desde árvores de grande porte até arbustos ou lianas que podem ocorrer ocasionalmente. Apresentam em seu caule feixes vasculares corticais às vezes com canais de mucilagem e substâncias de defesa como tanino. Possuem também saponinas triterpenoides, glicosídeos provenientes do metabolismo secundário vegetal, como no caso da Castanha-da-índia em que estes possuem propriedades anti-inflamatórias e antiedematosas.
Lecythidaceae | |
---|---|
![]() | |
Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Plantae |
Clado: | Tracheophyta |
Clado: | Angiospermae |
Clado: | Eudicotyledoneae |
Clado: | Asterídeas |
Ordem: | Ericales |
Família: | Lecythidaceae A.Rich. |
![image](https://www.wikiquery.pt-pt.nina.az/image/aHR0cHM6Ly93d3cud2lraXF1ZXJ5LnB0LXB0Lm5pbmEuYXovaW1hZ2UvYUhSMGNITTZMeTkxY0d4dllXUXVkMmxyYVcxbFpHbGhMbTl5Wnk5M2FXdHBjR1ZrYVdFdlkyOXRiVzl1Y3k5MGFIVnRZaTg0THpoa0wwNWhjRzlzWlc5dVlXVmhYM1p2WjJWc2FXbGZKVEk0VEdWamVYUm9hV1JoWTJWaFpTVXlPVjhsTWpneU5EQTNOakF5TlRBMU9TVXlPUzVxY0djdk1qSXdjSGd0VG1Gd2IyeGxiMjVoWldGZmRtOW5aV3hwYVY4bE1qaE1aV041ZEdocFpHRmpaV0ZsSlRJNVh5VXlPREkwTURjMk1ESTFNRFU1SlRJNUxtcHdadz09LmpwZw==.jpg)
![image](https://www.wikiquery.pt-pt.nina.az/image/aHR0cHM6Ly93d3cud2lraXF1ZXJ5LnB0LXB0Lm5pbmEuYXovaW1hZ2UvYUhSMGNITTZMeTkxY0d4dllXUXVkMmxyYVcxbFpHbGhMbTl5Wnk5M2FXdHBjR1ZrYVdFdlkyOXRiVzl1Y3k5MGFIVnRZaTlsTDJVMUwwVnpZMmgzWldsc1pYSmhYM053TGlVeVExOU1aV041ZEdocFpHRmpaV0ZsSlRKRFgwRjBiR0Z1ZEdsalgyWnZjbVZ6ZENVeVExOXViM0owYUdWeWJsOXNhWFIwYjNKaGJGOXZabDlDWVdocFlTVXlRMTlDY21GNmFXeGZKVEk0TVRZd09UUTBOemt4TWpRbE1qa3VhbkJuTHpJeU1IQjRMVVZ6WTJoM1pXbHNaWEpoWDNOd0xpVXlRMTlNWldONWRHaHBaR0ZqWldGbEpUSkRYMEYwYkdGdWRHbGpYMlp2Y21WemRDVXlRMTl1YjNKMGFHVnlibDlzYVhSMGIzSmhiRjl2Wmw5Q1lXaHBZU1V5UTE5Q2NtRjZhV3hmSlRJNE1UWXdPVFEwTnpreE1qUWxNamt1YW5Cbi5qcGc=.jpg)
Morfologia
Folhas
As folhas podem ser dísticas, simples, inteiras ou denteadas. Apresentam venação peninérvea e estípulas pequenas e caducas ou ausência destas.
Frutos
Os frutos da família são em cápsula, que normalmente é grande e dura e de deiscência circuncisa (com um opérculo). Às vezes esta cápsula pode ser indeiscente, em drupa ou em noz. Quando imaturo, apresenta um exudato na região de inserção do fruto com o pedúnculo. Possuem exocarpo de cor castanho escuro, mesocarpo castanho claro e mais espesso e endocarpo semelhante ao exocarpo, também de coloração castanho escura.
Flores
As flores possuem inflorescências indeterminadas, terminais ou axilares, podendo às vezes encontrarem-se reduzidas à uma flor solitária. As flores são bissexuais, podendo ser radiais ou até mesmo bilaterais devido ao desenvolvimento incomum do androceu. São polinizadas por diversas abelhas e vespas e até mesmo morcegos. Apresentam pétalas 4, 6 ou 8, raramente 12 ou 18 e sépalas normalmente 4-6, em geral livres ou podendo estar ausentes. Há estames numerosos, onde os mais próximos do gineceu se desenvolvem antes. Em alguns gêneros mais especializados a porção fusionada é assimétrica e produzida em um lado da flor, formando uma estrutura aplanada que pode curvar-se sobre o ovário, onde alguns podem haver estames reduzidos e modificados em estaminódios.
![image](https://www.wikiquery.pt-pt.nina.az/image/aHR0cHM6Ly93d3cud2lraXF1ZXJ5LnB0LXB0Lm5pbmEuYXovaW1hZ2UvYUhSMGNITTZMeTkxY0d4dllXUXVkMmxyYVcxbFpHbGhMbTl5Wnk5M2FXdHBjR1ZrYVdFdlkyOXRiVzl1Y3k5MGFIVnRZaTgzTHpkbEwweGxZM2wwYUdsa1lXTmxZV1ZmTFY5RGIzVnliM1Z3YVhSaFgyZDFhV0Z1Wlc1emFYTmZRWFZpYkM1cWNHY3ZNakl3Y0hndFRHVmplWFJvYVdSaFkyVmhaVjh0WDBOdmRYSnZkWEJwZEdGZlozVnBZVzVsYm5OcGMxOUJkV0pzTG1wd1p3PT0uanBn.jpg)
Sementes
As sementes são grandes, providas de arilo carnoso ou achatadas na forma de asa. Apresentam embrião grande e oleoso, normalmente com hipocótilo muito espesso. Podem ser dispersas por uma grande variedade de animais (mamíferos, como roedores, macacos e morcegos, e diversas aves e peixes) que são atraídos pelas sementes ariladas. São constituídas por duas camadas de tegumento: a testa, mais externa, em tons castanhos claros, opaca, rugosa e com linhas de fratura por sua extensão, e o tégmen, mais interno, membranoso e castanho mais escuro que a testa.
![image](https://www.wikiquery.pt-pt.nina.az/image/aHR0cHM6Ly93d3cud2lraXF1ZXJ5LnB0LXB0Lm5pbmEuYXovaW1hZ2UvYUhSMGNITTZMeTkxY0d4dllXUXVkMmxyYVcxbFpHbGhMbTl5Wnk5M2FXdHBjR1ZrYVdFdlkyOXRiVzl1Y3k5MGFIVnRZaTgzTHpjNUwwVnpZMmgzWldsc1pYSmhYM053TGlVeVExOU1aV041ZEdocFpHRmpaV0ZsSlRKRFgwRjBiR0Z1ZEdsalgyWnZjbVZ6ZENVeVExOXViM0owYUdWeWJsOXNhWFIwYjNKaGJGOXZabDlDWVdocFlTVXlRMTlDY21GNmFXeGZKVEk0TVRVM05UUTVOelk1T1RjbE1qa3VhbkJuTHpJeU1IQjRMVVZ6WTJoM1pXbHNaWEpoWDNOd0xpVXlRMTlNWldONWRHaHBaR0ZqWldGbEpUSkRYMEYwYkdGdWRHbGpYMlp2Y21WemRDVXlRMTl1YjNKMGFHVnlibDlzYVhSMGIzSmhiRjl2Wmw5Q1lXaHBZU1V5UTE5Q2NtRjZhV3hmSlRJNE1UVTNOVFE1TnpZNU9UY2xNamt1YW5Cbi5qcGc=.jpg)
Distribuição no Brasil
Os membros desta família estão espalhados em diversos ambientes com climas distintos. Os domínios fitogeográficos que são encontrados são Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado e Em relação às suas regiões de ocorrência, encontram-se em todas as regiões brasileiras, sendo registrados em 27 estados:
Norte, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Nordeste, em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Centro-Oeste, no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Sudeste, no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Sul, nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Filogenia
Há caracteres morfológicos e sequências moleculares envolvendo nucleotídeos de cpDNA que sustentam a monofilia de Lecythidaceae. Esta família compõe-se de cinco clados principais, os quais às vezes podem ser considerados como subfamílias. Estes clados incluem: Napoleonaea e Crateranthus (Napoleonaedoidea), que constituem o grupo-irmão dos outros gêneros da família e formam um clado geralmente identificado pela presença de anteras extrosas, androceu incomum com uma fileira externa de estaminódios fusionados e formando uma pseudocorola radial, e também pela perda de pétalas. O segundo clado que distingue-se dos outros abrange Asteranthos, Oubanguia, Scytopetalum formando Scytopetaloidea; onde este clado é característico pela presença de sementes com endosperma ruminado. A maior parte das espécies pertence à Barringtonioideae (Barringtonia, Planchonia e taxa afins), que constitui um clado reconhecido pela presença de pólen com colpos fusionados e pela redução para uma única semente no fruto. Lecythidoideae se restringe aos neotrópicos e constitui a maior subfamília, contendo grandes gêneros como Bertholletia, Couroupita, Eschweilera, Grias, Gustavia e Lecythis, sendo a família que contém todos os gêneros com flores zigomórficas. O número cromossômico haploide 17 sustenta a monofilia do grupo.
Dispersão
As flores de Lecythidaceae normalmente são grandes e vistosas, sendo polinizadas por abelhas e vespas. Há também a tendência evolutiva de flores radiais com muitos estames, que acabam disponibilizando o pólen como recompensa. No geral, até as flores zigomorfas com estames reduzidos (e muitos estaminódios) atraem abelhas à procura de néctar. O néctar é secretado por estaminódios modificados em algumas espécies derivadas. Ocorre também atração de diversos animais como mamíferos roedores e morcegos e aves e peixes em busca de suas sementes ariladas ou pelos frutos que possuem parede interna que pode ser consumida. Há também dispersão por meio da água em alguns taxa como Allantoma e alguns pequenos números de espécies como Cariniana e Couratari) que são dispersas pelo vento e apresentam arilo modificado em formato de asa.
Gêneros
Gênero Abdulmajidia
Gênero Allantoma
Gênero Barrigntonia
Gênero Bertholletia
Gênero Careya
Gênero Cariniana
- Cariniana decandra
- Cariniana domestica
- Cariniana estrellensis
- Cariniana ianeirensis
- Cariniana legalis
- Cariniana micrantha
- Cariniana multiflora
- Cariniana pachyantha
- Cariniana parvifolia
- Cariniana pauciramosa
- Cariniana pyriformis
- Cariniana rubra
- Cariniana uaupensis
Gênero Couratari
- Couratari asterophora
- Couratari asterotricha
- Couratari atrovinosa
- Couratari calycina
- Couratari guianensis
- Couratari longipedicellata
- Couratari macrosperma
- Couratari multiflora
- Couratari oligantha
- Couratari pyramidata
- Couratari scottmorii
- Couratari tauari
Gênero Couroupita
Gênero Crateranthus
Gênero Eschweilera
- Eschweilera alvimii
- Eschweilera amplexifolia
- Eschweilera atropetiolata
- Eschweilera baguensis
- Eschweilera beebei
- Eschweilera bogotensis
- Eschweilera boltenii
- Eschweilera carinata
- Eschweilera compressa
- Eschweilera coriacea
- Eschweilera cyathiformis
- Eschweilera fanshawei
- Eschweilera integrifolia
- Eschweilera jacquelyniae
- ]
- Eschweilera longirachis
- Eschweilera mexicana
- Eschweilera obversa
- Eschweilera piresii
- Eschweilera pittieri
- Eschweilera potaroensis
- Eschweilera punctata
- Eschweilera rabeliana
- Eschweilera rhododendrifolia
- Eschweilera rionegrense
- Eschweilera rodriguesiana
- Eschweilera roraimensis
- Eschweilera sclerophylla
- Eschweilera squamata
- Eschweilera subcordata
- Eschweilera tetrapetala
- [Eschweilera truncata]]
- Eschweilera venezuelica
Gênero Foetidia
Gênero Grias
Gênero Lecythis
- Lecythis barnebyi
- Lecythis brancoensis
- Lecythis lanceolata
- Lecythis lurida
- Lecythis ollaria
- Lecythis pisonis
- Lecythis retusa
- Lecythis schomburgkii
Gênero Petersianthus
Gênero Planchonia
Gêneros no Brasil
- Allantoma
- Asteranthos
- Berthollletia
- Cariniana
- Corythophora
- Couratari
- Couroupita
- Eschweilera
- Grias
- Custavia
- Lecythis
Algumas espécies importantes:
Eschweilera ovata
Lecythis lurida
L. pisonis
E. pedicellata
Gustavia augusta
Couratari macrosperma
Referências
- Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x
- JUDD, W. et. al. Sistemática Vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 2. Mori, S. A., N.
- P. Smith, X. Cornejo, & G. T. Prance. 18 March 2010 onward. The Lecythidaceae Pages The New York Botanical Garden, Bronx, New York. 3. Lecythidaceae A. Rich.
- Mori, Scott (1990). «Diversificação e Conservação das Lecythidaceae neotropicais». The New York Botanical Garden